quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Oração a quem amei muito

DIÁLOGO DE UM CÃO COM DEUS:



"Sabe Senhor. Ainda não entendi,

viemos à praça, pensei ser um passeio,

estranhei, ele não tinha esse hábito,

mas vim, feliz. Aqui chegando, deu as

costas, entrou no carro, e nem disse

adeus.



...Olhei para os

lados, nem sabia o que fazer ainda tentei

seguí-lo e quase fui atropelado. O que

eu teria feito de tão mau?



À

noite, quando ele chegava, eu abanava o

rabo, feliz, mesmo que ele nunca

viesse me ver no quintal. Às vezes eu latia,

mas havia estranhos no portão, e

não poderia deixá-los entrar sem avisar meu

dono.



Quem sabe foi a

mando de minha dona, por eu estar lhe dando

trabalho. Não foram as crianças:

elas me adoravam, e creio que nem sabem o que

aconteceu, devem ter-lhes dito

que eu fugi.


Como sinto saudades!

Puxavam-me a cauda, às vezes eu

ficava uma fera, mas logo éramos amigos

novamente.



Estou faminto, só

bebo água suja, meus pêlos caíram quase

todos. Nossa, como estou magro!

Sabe, Pai, aqui neste canto que arrumei para

passar a noite, faz muito frio,

o chão está molhado.



Creio que hoje vou

me encontrar aí contigo, no

céu. Meu sofrimento vai terminar, e mesmo em

espírito, vou ter permissão

para ver as crianças.



Peço-vos, então, não

mais por mim, mas pelos

meus irmãozinhos. Mande-lhes pessoas que deles tenham

compaixão. Como eu,

sozinhos não viverão mas que alguns meses na terra

do

homem.



Amenize-lhes o frio, igual ao que agora eu sinto, com o

calor de

atos de pessoas abençoadas. Diminua-lhes a fome, tal qual a que

sinto, com o

alimento do amor que me foi negado.



Mate-lhes a sede com

a água pura de

seus ensinamentos, transmitindos ao homem, elimine a dor das

doenças, extirpando

a ignorância da terra.



Tire o sofrimento dos que

estão sendo sacrificados

em rituais, em laboratórios e tudo mais, tirando

dos humanos o gosto pelo

sangue.



Ampare as cachorrinhas prenhas que

verão suas crias morrerem de

fome, frio e pestes, sem nada poderem fazer.

Abrande a tristeza dos que, como

eu, abandonados - Entre todos os males, o

que mais doeu foi esse.



Receba,

Pai, nesta noite gélida a minha alma,

pois não será mais meu sofrimento, mas dos

que ficarem, e por eles vos

peço.



Amém..."

Por: Joana D'Arc Rondine

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